A Esquizofrenia é um distúrbio psicológico que tem como característica principal a perda de contato com a realidade. Essa condição afeta, em graus variáveis, cinco domínios: delírios, alucinações, fala desorganizada (frequente desconexão ou incoerência), comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico e sintomas negativos (embotamento afetivo, alogia ou avolição).
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, a esquizofrenia não é um distúrbio de múltiplas personalidades. É uma doença crônica, complexa e que exige tratamento por toda a vida. Acomete aproximadamente 1% da população mundial. Normalmente, o transtorno aparece entre os 15 e 35 anos, mas pode surgir em qualquer período da vida. As causas da esquizofrenia incluem fatores ambientais e genéticos.
Em se tratando de fatores genéticos, como apontado por Beck, a esquizofrenia é altamente hereditária. Os estudos demonstram que o grau de compartilhamento genético com o membro afetado é preditor da probabilidade de desenvolver esquizofrenia.
Entre os possíveis fatores ambientais estão o crescimento em ambientes urbanos (devido ao estresse da vida na cidade), algumas infecções, a idade dos pais, má nutrição durante a gravidez e uso de cannabis durante a adolescência (aumenta em duas a três vezes o risco do desenvolvimento subsequente da psicose).
Devido ao entendimento de que a esquizofrenia é uma síndrome complexa, causada por uma variedade de fatores genéticos e ambientais, naturalmente o tratamento e prognóstico seguem a mesma direção.
A primeira escolha para o tratamento da esquizofrenia é o tratamento medicamentoso, que tem como base o uso de antipsicóticos. Porém, ainda que os antipsicóticos sejam muito eficazes, têm algumas limitações. Os pacientes podem continuar a ter sintomas residuais de perturbação. Essas perturbações, combinadas com a pouca qualidade de vida da maioria dos indivíduos com esquizofrenia, levam ao aparecimento da terapia cognitiva como coadjuvante.
De modo geral, no tratamento da esquizofrenia, a Terapia Cognitivo-Comportamental busca ensinar sistematicamente os pacientes a analisar, desafiar e mudar pensamentos, atribuições e crenças subjacentes a sintomas psicóticos perturbadores, baixa autoestima e percepções da interferência na realização de objetivos funcionais.
Por fim, estudos apresentados evidenciam que a TCC surte um efeito benéfico no tratamento de pessoas com esquizofrenia. Os estudos constatam que essa terapêutica é eficaz na redução dos sintomas positivos e negativos e toda estrutura do processo psicoterapêutico é pautada no modelo cognitivo de Aron Beck, que vê o funcionamento do sujeito com base na interação entre pensamento, emoção e comportamento. Além disso, o treinamento de habilidades e acolhimento dos familiares também assume papel de grande importância para um prognóstico favorável.
Referência:
BECK, A.T. et al. Terapia cognitiva da esquizofrenia. Porto Alegre: Artmed, 2010.
Autora: Claudia Henrich Lopes, psicóloga do CTC.
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