Todos nós sentimos e passamos por altos e baixos no nosso humor. A tristeza é uma reação normal às situações de vida. Muitas pessoas usam a palavra “depressão” para explicar dias tristes ou uma situação difícil, mas a depressão é muito mais do que tristeza.
Algumas pessoas descrevem a depressão como “viver num buraco negro” ou ter um sentimento de desgraça constante. No entanto, algumas pessoas deprimidas não se sentem tristes, em vez disso, sentem como se a vida fosse vazia e apática.
Seja qual for o sintoma, a depressão é diferente da tristeza normal ou da simples desmotivação, na medida em que anula o seu dia-a-dia, interferindo com a sua capacidade de trabalhar, estudar, comer, dormir e divertir-se. Os sentimentos de desamparo, desesperança, inutilidade são intensos e implacáveis, com pouco ou nenhum alívio.
O transtorno depressivo é uma condição com impacto significativo no funcionamento social e ocupacional. Um estudo realizado na década de 90 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que até 2020 a depressão seria a segunda maior causa de incapacidade no mundo. Uma razão importante para tal apontamento é que, além da alta incidência, é uma condição caracterizada por recaídas, recorrência e cronicidade.
Segundo a Classificação Internacional de Doenças, a CID-10, o número e a gravidade dos sintomas permitem classificar o episódio depressivo em três graus: leve, moderado e grave. Dentre os critérios diagnósticos presentes nos principais manuais diagnósticos, o DSM-5 e a CID-10, destacam-se:
· Humor deprimido,
· Energia reduzida ou perda de interesse;
· Alterações de peso ou apetite;
· Insônia ou hipersonia;
· Agitação ou retardo psicomotor;
· Sentimentos de desvalia ou culpa;
· Dificuldade de se concentrar ou pensar;
· Pensamento de morte ou suicídio;
· Tentativa de suicídio.
O tratamento da depressão é, geralmente, uma combinação entre terapia e psicofármacos. A base medicamentosa utiliza como primeira escolha os chamados antidepressivos e reguladores do humor. Neste caso o acompanhamento psiquiátrico torna-se fundamental.
Em relação à psicoterapia, Young (et. al., 2016) relatam que um dos principais avanços no tratamento da depressão foi o surgimento da terapia cognitiva.
A terapia cognitiva-comportamental da depressão busca educar o paciente a respeito do modelo cognitivo (situação, pensamento, comportamento, emoção), evidenciar a interferência dos pensamentos nas ações e emoções do paciente; desenvolver habilidades sociais; ensinar técnicas para facilitar a confrontação de pensamentos negativistas; aplicar tarefas comportamentais e treino de habilidades sociais, facilitando o enfrentamento de situações adversas e emoções aversivas e tomada de decisões. Cabe ressaltar que o principal objetivo da terapia é tornar o paciente seu próprio terapeuta.
Autora: Claudia Henrich Lopes, psicóloga do CTC.
Referência:
Young, J.; Beck, A.; Weinberger, A.; Rygh, J. Terapia cognitiva para depressão. In D.H. Barlow, (org.) Manual clínico dos transtornos psicológicos, capítulo 07, 275-330. Porto Alegre. Artmed, 2016.
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