Se você está grávida já deve ter ouvido falar ou lido em algum lugar sobre esse tal “plano de parto”. Mas o que será que é isso? Essa matéria foi feita pra te ajudar a descobrir de onde surgiu o plano de parto, para que ele serve e como elaborar o seu. Então vamos lá!
Os primeiros planos de parto surgiram nos Estados Unidos e se tratavam de cartas em que a gestante descrevia como gostaria de passar pelas diferentes etapas do parto. De lá pra cá o plano de parto se transformou em um documento mais completo e elaborado. Em 1996 ele foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um recurso essencial para uma experiência de parto positiva e uma ferramenta que assegura que os direitos e preferências da parturiente sejam respeitados. No Brasil, em 2017 ele também foi defendido pelo Ministério da Saúde, que publicou diretrizes recomendando que a equipe de saúde leia e discuta o plano de parto com a gestante.
Atualmente, o plano de parto consiste em um documento redigido pela mulher onde são registrados seus desejos e demandas a respeito do parto, além de registrar também intervenções que a parturiente não gostaria de receber ou gostaria de ter seu consentimento solicitado, caso extremamente necessário. O plano de parto não é um documento obrigatório, mas cada vez mais recomendável e um importante aliado da gestante.
Há vários modelos de plano de parto disponíveis na internet e você pode se inspirar num deles para criar o seu. Mas não é recomendável apenas replicar o que outras mulheres fizeram, pois seu plano de parto precisa respeitar as suas vontades, o que você deseja e como gostaria de vivenciar a experiência do parto. Por isso, você pode usar outros modelos como inspiração, mas deve personalizar o seu conforme o que você considera importante.
A jornalista Vanessa Bárbara, que publicou seu relato de parto na revista Piauí, dividiu seu plano de parto nas seguintes seções: “Trabalho de Parto”, “Parto”, “Pós-Parto”, “Cuidados com a criança” e “Caso a cesárea seja necessária”. Em cada item ela descreveu o que gostaria que acontecesse (e não acontecesse) e como desejaria a condução do processo. Vanessa fala sobre a importância de registrar sua recusa a certos procedimentos, como a manobra de Kristeller, o uso de soro com ocitocina, a raspagem de pelos, o rompimento artificial da bolsa e a lavagem intestinal, além de abordar a inclusão de boas condutas, como o clampeamento tardio do cordão umbilical e o contato pele a pele imediato com o bebê.
Para te inspirar antes de escrever seu plano de parto é importante que você colete informações sobre seu próprio nascimento, converse com mulheres que já passaram pelo tipo de parto que você deseja, assista a vídeos de partos e documentários sobre parto. Uma dica para te auxiliar na preparação para o parto é assistir a trilogia de filmes “O Renascimento do Parto”, disponível na Netflix e Youtube. Ao elaborar seu plano de parto lembre-se de incluir onde e como você deseja parir (na banheira, no banco de parto, na posição que sentir vontade no momento), quais cuidados gostaria de receber durante o trabalho de parto, a liberdade para se movimentar e se alimentar, se deseja ou não receber medicações para alívio da dor, sua opinião sobre uso de fórceps ou episiotomia, quais os cuidados gostaria que fossem prestados a você no pós-parto e ao seu bebê após o nascimento.
Após pesquisar e refletir sobre como deseja viver seu parto, trocar ideias como mulheres que pariram, conversar com seu médico e Doula, organize suas ideias e transfira-as para o papel. Faça três cópias de seu plano de parto e entregue uma para sua família ou acompanhante, uma para seu médico e guarde a outra na bolsa da maternidade, para ser entregue ao hospital.
Como o trabalho de parto é um momento de grandes alterações emocionais, ter um documento em que estão listadas suas preferências e objeções vai te poupar de precisar tomar decisões importantes num momento em que as emoções estão à flor da pele e os pensamentos estão a mil. O plano de parto será seu aliado, pois garante sua autonomia, respeita suas escolhas e te permite viver o parto que escolheu.
Ah, vale lembrar que se você optou por um parto cesáreo, também pode escrever seu plano de parto, listando o que você gostaria que acontecesse com você e com seu bebê.
Autora: Carolina Aita Flores, Psicóloga Perinatal
Fontes:
“De cócoras no país da cesárea”, reportagem de Vanessa Bárbara para a Revista Piauí.
“Plano de parto como ferramenta de educação perinatal e combate à violência obstétrica”, conferência de Denize Ornelas, médica obstetra, na SIAPARTO 2019.
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