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Foto do escritorCarolina Aita Flores

A chegada em casa



Para encerrar a série de postagens em homenagem ao mês das mães hoje iremos falar sobre aquele momento após o nascimento do bebê, em que essa nova pessoa vai conhecer a sua casa. Você que está grávida, já parou para pensar sobre como vai ser esse momento?


Os dias passados no hospital após o nascimento representam um período de transição entre ter o bebê na barriga e voltar para casa com ele nos braços, sendo responsável por ele. Para algumas mulheres, especialmente as mães de primeira viagem, o hospital pode representar um “ninho seguro”, pois há uma equipe disponível para ajudar, caso surja alguma dificuldade nos cuidados com o bebê ou na amamentação. Nesse sentido, ir para casa pode representar a perda da proteção e despertar uma sensação de “e agora, o que eu vou fazer?”.


Você já deve ter preparado o quartinho do bebê e seu enxoval para recebê-lo, então não precisa se preocupar com essa parte. O que vale a pena pensar nesse momento é sobre como organizar sua rotina e sua vida familiar para acolher o mais novo membro da família. Vamos por partes, começando pela alimentação, passando pelo sono, rede de apoio e a estruturação da rotina.


Nas primeiras semanas, o bebê se alimenta em livre demanda. Portanto, quando seu bebê chorar após ter passado de 30 minutos a 2 horas sem se alimentar, um dos fatores a se verificar é a fome. Ofereça o seio (ou a mamadeira, se for o caso) e descubra se era disso que ele precisava. Com o passar do tempo, o bebê vai desenvolvendo um ritmo mais regular de alimentação e você vai conhecendo os sinais que ele emite para avisar que está com fome: uma caretinha, um biquinho, um tipo específico de chorinho. Não se preocupe, você vai aprender a decifrar os códigos enviados pelo bebê.


Um recém-nascido dorme, em média, 16 horas por dia. Então não estranhe se o seu filho passar a maior parte do dia dormindo. É assim mesmo. Porém, o sono é feito em etapas e, por isso, é natural que o bebê acorde várias vezes durante a noite. Seu recém-nascido também sentirá fome durante a madrugada e precisará mamar. A mamada da madrugada é extremamente importante, pois durante esse período seu corpo passa por um pico na produção de melatonina (o hormônio que regula o sono) e, através dessa mamada, o bebê irá formando seu próprio estoque desse hormônio, que o ajudará a, gradualmente, diferenciar o dia da noite e, futuramente, a dormir a noite toda.


Mesmo nas sonecas do dia é importante que seu filho durma em um ambiente relaxante, com pouco barulho, sem claridade e com uma temperatura confortável. Não caia no mito de que o bebê tem que se acostumar a dormir com o barulho, a não ser que queira ter um filho irritadiço e ansioso, pois não consegue relaxar durante as sonecas devido ao excesso de estímulo. O bebê precisa descansar e por isso precisa de um ambiente calmo, escurinho e seguro.


Para que você consiga dar conta da revolução que é trazer seu filho para casa, você também precisa descansar. Aquela velha história de que a mamãe dorme enquanto o bebê dorme precisa ser levada bem a sério. A privação de sono afeta o humor e pode te deixar raivosa durante o puerpério. Por isso, conte com as pessoas ao seu redor para te ajudar nas tarefas da casa, para que você possa se dedicar ao bebê e dormir, em cada oportunidade que tiver.


Aos poucos, é importante desenvolver uma rotina de como as coisas funcionam em sua casa. Para isso, procure fazer as atividades do dia-a-dia do bebê sempre na mesma sequência e horário. Um momento importante do dia para começar a estruturar uma rotina é o entardecer. No fim da tarde, por volta de umas 18 horas, você pode começar o ritual da noite. Por exemplo, você pode deixar o quarto do bebê em uma temperatura agradável e fazer uma massagem nele peladinho. Converse com ele em um tom de voz suave enquanto o massageia com óleo para bebê. Essa massagem dará início ao processo de relaxamento para a noite. Logo após a massagem dê o banho. Após o banho, dê o mamá e, se precisar, troque a fralda. Tudo isso em um ambiente com luz fraquinha e tom de voz baixo. Em seguida, aconchegue seu bebê no colo e o ajude a pegar no sono. Se você fizer isso todos os dias da mesma maneira o bebê irá se habituar a essa rotina e se sentirá cada vez mais seguro e tranquilo, pois sabe o que esperar, já que consegue associar a sequência de acontecimentos. Para o bebê, previsibilidade é sinônimo de segurança.


Os filhos não vêm com manual de instrução e isso não é ruim, pois é você que irá escrever o seu. Você vai pegando o jeito, conhecendo os sinais que seu filho emite, descobrindo o que funciona para acalmar o choro, qual a posição ele mais gosta de ser segurado, que posição vocês dois mais gostam para amamentar, como fazê-lo dormir, entre tantas outras experiências que vocês irão passar juntos. Criar filhos não tem manual, mas também não tem receita, tem apenas um ingrediente essencial: o amor. Dê colo, faça carinho, beije, abrace, cheire, aconchegue o bebê em você. Esse é o caminho para seu filho se desenvolver seguro, calmo e tranquilo.


Autora: Carolina Aita Flores, psicóloga perinatal

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