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  • Foto do escritorClaudia Henrich Lopes

Resiliência e regulação emocional em tempo de pandemia.


     Diante cenário apresentado por uma doença viral com disseminação em massa e sem luz a um tratamento especifico, principalmente ao que diz respeito a falta de vacinas que garantiria um recurso terapêutico em relação a prevenção, nos vemos a mercê de uma nova pandemia: a do medo e desespero.

     Não estou querendo afirmar, com isso, que o medo não é bem-vindo. Em relação a função dessa emoção, entendemos que ela é eficaz quando nos dá consciência a praticas ameaçadoras e, em resposta a isso, agimos de maneira mais ponderada, valorizando e priorizando a manutenção da vida. Entretanto, o problema do medo é quando ele é agudo, quando nos coloca em uma posição que chamamos de “freezer”, onde congelamos ou paralisamos.

     Segundo a Revista Brasileira de Psiquiatria - em um artigo que avaliava os efeitos em tragédias, epidemias e pandemias (incluindo o COVID-19) - o medo crônico, que nos faz perder a consciência e capacidade de questionar pode ser gatilho para o desenvolvimento de problemas de saúde mental. Alem disso, pessoas com outros transtornos ou pré-disposição a estes, tendem a sofrer maiores impactos, como aumento da ansiedade, depressão e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).

   Tantas questões nos colocam em uma posição de vulnerabilidade em que algo invisível é capaz de desestruturar bases psicológicas, orgânicas, sociais e econômicas.

Frente a tantas incertezas e dúvidas, é natural o estado de sensação de impotência e incertezas. O que fazer e como agir em relação a isso pode nos assombrar. Iniciativas de empatia e resiliência talvez sejam palavras chave para esse momento. Assim, conseguiremos alcançar regulação emocional para aceitarmos aquilo que foge do nosso controle, enquanto assumiremos papeis importantes de acolhimento à aquilo que podemos controlar.

     Em uma esfera de amparo, regulação emocional e amparo de nossas emoções, o que ajuda e o que não ajuda em momentos de crise? Alexandre Amaral (2020) dá algumas dicas:

     Não ajuda: agir como se nada tivesse acontecido, minimizar a importância do que aconteceu, culpar-se pelo ocorrido - ou culpar os outros, não conversar com ninguém sobre o que acontece conosco, tratar de resolver a situação somente de uma vez, sentir que cada um deve sair sozinho dessa situação.

Ajuda: assumir que algo mudou drasticamente em nossas vidas, reconhecer que o impacto é serio e grandioso, aceitar que há situações em nossas vidas que não dependem de nós, conversar com alguém de confiança e expor nossos sentimentos, entender que a crise se resolve com um passo de cada vez, buscar ajuda sempre que sentir perdidos, realizando leituras sobre a crise ser maior do que nossa capacidade de lidar com ela naquele momento.

  Com relação ao comprometimento e o meu papel no mundo, ajuda seguir as orientações do Ministério da Saúde como ao exemplo de, quando possível, permanecer em casa, lavar as mãos, usar álcool gel, máscara e evitar contato com outras pessoas. Contribui também organização e programação de rotina em casa, maior seleção em relação a qualidade e quantidade de informações absorvidas acerca da pandemia.

    Outro ponto importante, principalmente àqueles com maiores condições é a empatia, acolhimento, valorização dos pequenos negócios. Apoiar a academias, escolas e todos os empreendimentos que precisam manter suas portas fechadas, trará efeitos importantes ao cuidado com outro, que pode encontrar-se em situação de medo que vai além do vírus, mas de impactos econômicos.

   Por fim, é importante ressaltar que o tema é complexo. Obviamente não conseguimos explanar tanto em um texto, mas entendemos que o medo e o desespero irracional não resolvem situação nenhuma. A orientação acerta do todo é equilíbrio. É tempo de cuidado, é tempo de resiliência.


Autora Claudia Henrich Lopes, psicóloga do CTC.


Fonte: Alexandre Amaral, Curso: Intervenções Psicoterapêuticas na Crise do Coronavírus, 2020


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